'Como Treinar Seu Dragão' entrega live-action com alma e coração

'Como Treinar Seu Dragão' entrega live-action com alma e coração

Quinze anos após a estreia da animação, o live-action 'Como Treinar Seu Dragão' supera produções que repetem fórmulas de obras sem um verdadeiro desenvolvimento

Os estúdios de Hollywood encontraram uma fórmula bem-sucedida financeiramente para faturar com grandes bilheterias ao recriar filmes em formato live-action - quase com copiando e colocando frame a frame produções famosas e queridas pelo público. Neste contexto, poucos foram os que fizeram jus a obra original ou acrescentaram algo novo. O longa "Como Treinar Seu Dragão" (2025), entretanto, foge a regra.

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A animação da DreamWorks de 2010 foi baseada em um livro homônimo cuja abordagem é simples e voltada a um público infantil, mas com mensgem e temática de vikings e de dragões que, por si só, representam um potencial grande no cinema. À época, o filme foi um sucesso absoluto.

Mas, 15 anos depois, em uma onda de produções no estilo live-action - a exemplo de "Lilo & Stich" (2025) estreando nas telonas em período próximo - "Como Treinar Seu Dragão" consegue se diferenciar de outras produções do mesmo estilo ao manter a emoção e a ternura que tanto forjaram a amizade entre um jovem e um dragão.

As cenas são, sim, muito parecidas; as falas e o desenrolar da trama são os mesmos, inegável. Até aí nada de novo. Mas só de honrar o nível e respeitar tanto o filme anterior - sem deixar cair em uma obra feita somente com interesses financeiros, mas respeitando a franquia - já ganha pontos. 

E muitos são os trunfos do diretor Dean DeBlois, que comandou a animação "Como Treinar Seu Dragão", e a animação "Lilo & Stich". Os efeitos especiais dos dragões, principalmente do Banguela, trazem um espectro de fantasia em meio a pessoas reais sem grandes falhas. Bem como a ilha de Berk e os demais cenários inspirados com uma ótima combinação de computação e design de produção.

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O elenco traz tudo o que os personagens pedem. Seja uma postura mais brava de Stoico, chefe da ilha de vikings e matador de dragões, muito bem interpretado por Gerard Butler - que faz uma imagem similiar em filmes como o Rei Leônidas em "300" (2006) - ou um teor mais cômico de Nick Frost, que vive Gobber, ou até mesmo os atores de apoio que entregam estereótipos simples.

O brilho fica com a decidida e meiga Astrid, interpretada por Nico Parker, que concilia bem a figura de guerreira viking sisuda com alguém mais afetuosa e preocupada. E o jovem Mason Thames, o Soluço, faz com louvor o personagem franzino, inseguro e empático com os dragões.

O ator norte-americano, inclusive, entrega o que se espera nos momentos em que interage com o Banguela - sendo realçado por efeitos especiais - e demonstra todas as camadas que o Soluço pede, seja o de insegurança em certos momentos ou o de completa coragem.

Mas se o live-action de "Como Treinar o Seu Dragão" respeita demais a animação, o que ele tem de tão especial? Só este fato já garante uma experiência boa para os fãs da franquia e o novo público. Mas a resposta está em como ele costura a trama com a mensagem e a experiência visual e sensorial.

Ver atores ao invés de bonecos animados representa uma carga de emoção maior. A fotografia encanta e a trilha sonora, reutilizada da obra original, é de arrepiar em certos momentos. Soma-se a isso uma mensagem universal para que se tenha um live-action acima da média.

Soluço é cobrado para ser matador de dragão, um viking nato, algo que ele mesmo busca - porém só consegue se frustrar e a todos ao seu redor por não corresponder as expectativas criadas. Ao ir conseguindo conquistar as feras, que apenas se defendem das ameaças causadas pelo ser humano, o prestígio vem na mesma medida da raiva e inveja de se destacar.

Assim vivemos. Somos postos a prova em situações que sequer escolhemos e pagamos um preço do que os outros pensam - e somos cobrados por isto, inclusive, dentro do círculo familiar. E, ao conseguir ir se destacando mais do que os outros, isso frusta quem esperava que você cumprisse apenas um papel já pré-estabelecido.

Além disso, há a dinâmica entre uma fera encantadora, impossível de não se identificar com o seu pet, que é o Banguela, com um pária da sociedade, Soluço. Com pouco esforço nos identificamos em uma amizade genuinamente emocionante e que se completa fisicamente e sentimentalmente. Eles aprendem a conviver - mesmo que seus povos insistam em separar e entrar em disputas olhando o diferente como inferior ou inimigo.

"Como Treinar Seu Dragão" repete tudo o que deu certo na animação e traz coração e alma em meio a produções mais preocupadas com altas bilheterias. E não que não seja também uma preocupação desta obra, mas seu empenho em entregar algo realmente cheio de alma e esmero na produção justifica sua grata existência.

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